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O pão nosso de cada dia





http://paonificacao.blogspot.com/2010/10/historia-do-pao.html?m=0

Quase tão icônica quanto a garoa de São Paulo é a relação da cidade com as padarias. São 3,2 mil padarias espalhadas pela cidade, produzindo 10,4 milhões de pãezinhos por dia! Atualmente, muitas delas tornaram-se verdadeiros empórios, indo muito além da combinação perfeita: café com leite e pão francês na chapa.
Se para alguns, as padarias são herança da colonização portuguesa - quem é que nunca ouviu falar do português da padaria? - para outros, foram os italianos que trouxeram no começo do século XX suas tradições no que se refere à arte de fazer pão.
Mas o grande carro chefe de São Paulo - o pão francês - remete ainda a outro país! 
Vamos resgatar o fio dessa história?
Pra começar, o pão sempre teve uma conotação religiosa, além de cumprir a função de alimentar. Podemos encontrar diversas versões do tradicional pão em praticamente todo país ou região. 
Da antiguidade até os dias de hoje, o pão não para de evoluir, se diversificar e se recriar em novas versões de si mesmo. Da tradicional farinha de trigo branca com água, ao acréscimo das farinhas integrais, com grãos, castanhas e até as versões doces.

Foi por volta de VII a.C. que vieram os primeiros fornos de barro para o cozimento de pães, trazidos pelos Egípcios, que descobriram a fermentação do pão por acaso. Este fato mudou o curso da história do pão.
Atualmente, a maioria dos pães são fermentados e tem massa mais alta, macia e aerada, mas ainda existem os pães sem fermentação, como o Pão Árabe e o Pão Ázimo judeu.
A primeira escola de panificação foi fundada em Roma, em 500 a. C. e no Império foram montadas mais de 200 padarias. Foi em Roma que o pão foi usado politicamente com a estratégia de Pão e Circo, que jogava pães para a platéia, durante os cada vez mais frequentes espetáculos de morte dos Gladiadores.
A Igreja Católica manteve por muito tempo após o fim do Império Romano a criação e produção de pães nos conventos e os nobres mantiveram as atividades de panificação nos Castelos. O bom pão era alimento restrito aos nobres e clérigos.

o pão e a revolução: que comam brioches!


https://rainhastragicas.com/2017/12/12/maria-antonieta-e-o-dito-que-comam-brioches/

A popularização dos pães de farinha branca foi responsabilidade dos franceses. O pão foi vital durante os invernos rigorosos que culminaram na Revolução Francesa, em 1789, cujo estopim foi, justamente, o aumento dos preços dos pães!  Foi então proferida a famosa frase de Maria Antonieta diante da fome que assolava seu povo: “Ora, que comam brioches!”.
Daí em diante, o pão passou a fazer parte do dia a dia de praticamente todas nações ocidentais.
Por aqui, a grande expansão do pãozinho na mesa do brasileiro aconteceu no século XX, junto com a chegada dos imigrantes italianos que trouxeram a farinha de trigo e a arte da fermentação natural. Mais tarde, com a chegada da farinha americana, de fermentação rápida, o pão branco foi levado para todo o país e as padarias espalhadas pelas cidades. Inicialmente abertas pelos portugueses, passaram a vender o pão quentinho toda a hora, carro chefe das vendas até hoje!
O pão mais popular de São Paulo é o Pão Francês, um pãozinho pequeno feito de farinha, água, sal e fortificante de farinha. Teve sua origem nos pãezinhos franceses que eram servidos aos soldados em guerra. Também pode ser conhecido como Pão Careca ou Pão de Sal.
Egípcios, Romanos, Italianos, Americanos, Portugueses, Franceses e, por fim, Brasileiros. Cada um com sua contribuição ao pão nosso de cada dia, alimento sincrético e a cara da cidade de São Paulo!



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