Pular para o conteúdo principal

Grafite nas galerias pluviais. Uma escolha e tanto!





https://www.zezaoarts.com.br/subterraneo.php

Um artista que expõe seus grafites nas galerias pluviais da cidade da São Paulo. Este é Zezão, um paulistano, nascido em 1971, no berço da cultura da arte urbana.
A princípio sua escolha nos causa estranhamento. Para que expor uma obra aonde, provavelmente, não haverá ninguém para ver? Mas este é apenas o questionamento inicial que o contato com a sua produção traz ao interlocutor. Depois, vem muito mais!
Zezão, sabiamente, registrou seu processo em vídeos e fotografias, de modo que nós, seres que caminham pela superfície da cidade, possamos ter contato com o que se passa no mundo subterrâneo, para além das estações do metrô. O impacto da sua escolha e dos questionamentos que elas nos causam é surpreendente.
A opção pelo azul, diz ele, é simbólica, representa a vida que insiste em se fazer presente nas galerias subterrâneas e em lugares totalmente escuros ou abandonados, que são os que ele escolheu para expor seus grafites.  Sua ideia é, justamente, produzir contrastes, tão próprios ao cotidiano dos grandes centros urbanos. A arte e a degradação, as marcas que se quer produzir mesmo onde não haja ninguém para ver e a vida que insiste em pulsar mesmo onde as situações são as mais áridas possíveis. Com Zezão os contrastes não são excludentes. Muito pelo contrário, acentuam a existência do estranho, como o doce e o salgado.
Também foi interessante notar, a partir do contato com sua obra, que quando pensamos em vida, associamos imediatamente à vida humana. Pois, no esgoto, há inúmeras outras formas de vida que tornam todo o contexto ainda mais inusitado e extravagante para nossa percepção.
Claro está que Zezão não se situa no terreno do óbvio, nem do corriqueiro. Pede de nós um mergulho em camadas mais profundas, em escolhas mais conceituais e não tão evidentes à primeira vista.
Zezão é um artista e tanto! Pede que nos desloquemos um pouco mais.
Segue amostra grátis:







https://www.youtube.com/watch?v=NKxGsY_EKqM

Existem obras do Zezão na superfície. Achou alguma? Conta para a gente! #cidadar




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marc Ferrez: território e imagem

Diversas fotos que nos contam do Brasil do final do século XIX e início do século XX foram tiradas por Marc Ferrez. Filho de franceses e nascido em 1843 no Rio de Janeiro, atuou por mais de 50 anos  e percorreu as regiões Nordeste, Norte e Sudeste como fotógrafo oficial da Comissão Geológica do Império do Brasil(1875-1878) e das regiões Sul e Sudeste, documentando as mudanças das cidades. Ficou conhecido por retratar as  mudanças urbanísticas de algumas cidades, paisagens e tipos humanos e ser o pioneiro da fotografia em cores no Brasil (fonte: IMS). (Foto: Instituto Moreira Sales) Suas  fotos nos contam sobre a modernização das cidades, lavadeiras nas beiras de rios, construção de ferrovias, comunidades indígenas. Uma viagem ao passado e que nos permite reconhecer mudanças e permanências onde vivemos. Um exemplo é a foto abaixo. Consegue identificar em que local de São Paulo ela foi tirada?  A foto acima foi tirada na Praça Sé em 1880. Uma fo...

Seu nome é Marx. Burle Marx.

As paisagens, podem ser muitas. Sonoras, olfativas, táteis e visuais. Poder ser também urbanas e rurais. São palco e cenário para tudo o que acontece na cidade. Por aqui, houve até quem brincou de criar paisagens naturais e nos deixou um expressivo legado! Te soa estranho? https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/roberto-burle-marx/ Nascido na mais paulista das avenidas, Burle Marx era filho do judeu alemão Wilhelm Marx e de Cecília Burle, pernambucana descendente de franceses. O sobrenome famoso não é coincidência: seu pai foi criado em Trier, cidade natal de Karl Marx, que era primo de seu avô! Apesar de paulistano, morou por muito tempo no Rio de Janeiro, onde começou a cultivar seu próprio jardim, sempre inspirado no amor pelas plantas que tinha sua mãe. O artista plástico e paisagista Burle Marx teve influência de alguns modernistas de sua época como Oscar Niemeyer e Helio Uchoa e pode-se dizer que imprimiu sua marca na paisagem urbana de São Paulo, ...

Quem é que sobe a ladeira?

https://br.pinterest.com/pin/377035800049107643/ (1911) Você sabe de qual ladeira de São Paulo falamos?  Vamos dar uma dica: arquivo pessoal (2019) Reconheceu? Esta é a Ladeira Porto Geral. O lhando bem a imagem atual, ao lado direito, ainda encontramos uma casa como a da primeira imagem. Marcas do passado que passam despercebidas a olhos desatentos, mas que revelam um pouco da história da nossa cidade.  Quem nunca desceu ou subiu esta ladeira, um dia precisa fazer isso! Este é um dos caminhos para a  25 de Março, importante rua comercial de São Paulo e que sobreviveu a era dos shoppings centers. A 25 tem muita história para contar.  Histórias de imigrantes e migrantes, de comércio e, também, de um rio. Já parou para pensar porque o nome Porto?  Descendo a rua até o fim chegamos ao Tamanduateí, rio que fez parte do início da nossa cidade, quando foi fundada a Vila de São Paulo de Piratininga! Era por este rio que chegavam mercadorias,...